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sexta-feira, 19 de abril de 2024 às 20:00 UTC

ZACUTO (Abraham). Ephemerides sive Almanach perpetuu[m]. Venetiis. 1498.

Preço base: €1,500

Preço estimado: €1 500 - €2 000

Comissão da leiloeira:

ZACUTO (Abraham)
Ephemerides sive Almanach perpetuu[m]. Venetiis: Maximiliano Romanorum, 1498.

AA8, BB2, A-O8; [120] ff.; 220 mm. Encadernação inteira de pergaminho da época; folhas de guarda modernas; pequena assinatura de posse no frontispício.

RARÍSSIMA TERCEIRA EDIÇÃO, segunda de Veneza, do famoso e importantíssimo Almanach Perpétuo de Abraham Zacuto, publicado pela primeira vez em Leiria em 1496. Escrito entre os anos de 1473 e 1478, em hebraico com o título Hajibul Hagadol, a obra foi traduzida para castelhano e latim e editada várias vezes, a sua maioria em Veneza.
A obra contém tabelas astronómicas de diferentes tipos e para diferentes fins astrológicos, precedidas dos respectivos cânones. A sua importância reside no facto de as tabelas solares, essenciais para o cálculo das coordenadas geográficas, serem calculadas com base nas suas tabelas. O Almanach permitiu assim que vários navegadores realizassem os devidos cálculos para as espantosas navegações do século XV e XVI. Com larga influência na náutica portuguesa da época, as tabelas de Zacuto foram utilizadas para diversos livros de marinharia, nomeadamente o Reportório dos Tempos de Valentim Fernandes, ou na Lendas da Índia de Gaspar Correia. Segundo estudos de Joaquim Bensaúde e de Luciano Pereira da Silva, “todas as tábuas de declinações solares […] foram calculadas a partir dos números que se encontram no Almanach”, encontrando-se neste caso as tábuas com as declinações solares do Guia Náutico de Évora. (cf. Dicionário de História dos Descobrimentos) De facto, foi o Almanach Perpetuum de Zacuto que serviu de base das Taboas solares quadrienais portuguesas utilizadas por Vasco da Gama, ou as quadrienais de 1517-1520 de Gaspar Nicolas incluídas no “Manual” de Évora e em uso até meados do século XVI. (cf. Bibliografia Geral, v.1, p. 178)
Abrham Zacuto, de seu nome Rabi Abraham ben Rabi Samuel Zacut, nasceu em Salamanca. Depois de uma carreira de estudos, ao que parece foi professor na Universidade de Salanca, tendo-se refugiado em Portugal, primeiro no Porto e depois em Lisboa, em 1492 após o decreto de expulsão dos judeus. Protegido de D. João II e de D. Manuel I, voultou a emigrar em 1496 em Tunes. Parece ter morrido em Damasco em 1522.

¶ Inocêncio, v.22, p.3; Bibliografia Geral, v.1, 18, para as edições incunabulares; RUAS, João, Biblioteca D. Manuel II, v.1