Biblioteca Particular parte VI
Lote 79:
O lote foi removido do leilão
GAMITO (António Cândido Pedroso).
O MUATA Cazembe e os Povos Maraves, Chévas, Muizas, Muembas, Lundas e outros da África Austral. Diário da expedição portugueza commandada pelo Major Monteiro e dirigida aquelle Imperador nos annos de 1831 e 1832 redigido pelo Major A. C. P. Gamitto.
Lisboa: Imprensa Nacional, 1854.
XXVI, 502, [2] pp., 20 grav., 1 mapa desd.: il.; 220 mm. Encadernação moderna com lombada e cantos em pele; títulos a ouro na lombada: nada aparado; por abrir; conserva as capas de brochura; ligeira acidez.
PRIMEIRA EDIÇÃO RARÍSSIMA deste importante diário de expedição por terras da África Austral no seguimento das várias tentativas para estabelecer rotas de ligação entre Angola e Moçambique. Segundo a Introdução do autor, várias tentativas foram realizadas para um contacto com o Muata Cazembe, Imperador daquela região africana, todas fracassadas, algumas até com prejuízo para as vidas dos seus comandantes. A presente expedição, organizada precariamente com apenas uma agulha de marear, sem medicamentos e com géneros apenas destinados ao comércio, acabou por padecer de escorbuto e bexigas, além da inevitável fome ao atravessar terrenos inóspitos e inexplorados. Segundo Emília Santos, a expedição foi organizada por Vasconcelos Cirne, governador de Rios de Sena, apenas com a finalidade de intensificar as relações comerciais. Foi escolhido como comandante o Major Correia Monteiro e como segundo comandante o capitão Gamito Pedroso. A expedição partiu a 1 de Junho de 1831 levando uma pequena força militar, caixeiros e carregadores, num total de 420 pessoas. O diário que nos ficou da expedição, da autoria do capitão Gamito Pedroso, “investigador nato que sabia onde dirigir a curiosidade, como orientá-la e que objectivos atingir” e dotado de uma “extraordinária sensibilidade para a realidade humana e histórica dos povos, recolhe tradições orais que são verdadeira história do povo africano, estuda a etimologia das suas línguas, observa os seus hábitos e técnicas.” Por outro lado, a sua narrativa é organizada por forma a interessar o leitor europeu, servindo-lhe de guia, obrigando-o “a seguir na caravana, a vencer os embaraços, a correr os riscos, a viver as tensões, a sentir a fome.” [cf. Emília Santos, p. 214] António Cândido Pedroso Gamito, natural de Setúbal (1806-1866), major do exército, governador dos distritos de Sofala e Tete em Moçambique, e de Benguela em Angola, deixou-nos assim um “notabilíssimo e de muito interesse histórico, etnográfico e geográfico, relatório da viagem”. A obra vem ilustrada com 20 litografias e 1 mapa desdobrável. bib: Inocêncio, v.1, p. 103; v. 8, p. 109; SANTOS, M. Emília Madeira, Viagens de Exploração Terrestre dos Portugueses em África, Lisboa, Centro de Estudos de Cartografia Antiga, 1978, pp. 213-220
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