Surrealismo Português

PRIMEIRAS Exposições Individuais Fernando de Azevedo, Fernando de Lemos, Vespeira: óleo, fotografia, gouache, desenho, ocultação, colagem, linóleo. 1952

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Comissão da leiloeira:

PRIMEIRAS Exposições Individuais Fernando de Azevedo, Fernando de Lemos, Vespeira: óleo, fotografia, gouache, desenho, ocultação, colagem, linóleo. Lisboa: Jalco, 1952.

[16] pp., 3 est.: il.; 260 mm.

IMPORTANTÍSSIMO catálogo da exposição onde se juntaram Fernando de Azevedo, Fernando de Lemos e Marcelino Vespeira, reunindo-se os seus trabalhos surrealistas numa galeria de móveis na Rua Ivens, Lisboa. Além da óbvia importância para o movimento dos trabalhos de Azevedo e Vespeira – o primeiro realizando muitos gouaches a partir de impressões fotográficas, o segundo ajudando nas construções estéticas de Lemos – destaca-se o trabalho único desenvolvido em Portugal por Fernando de Lemos, único cultor da estética fotográfica dentro do movimento surrealista entre nós. Após algumas tentativas frustradas na área da pintura, Lemos, igualmente amador na fotografia, dedica-se a esta arte, revelando “uma disposição e destreza que fariam do seu trabalho um dos momentos mais altos do Surrealismo e da história da fotografia em Portugal” (Surrealismo em Portugal, p. 140). Natural de Lisboa (1926), após a sua passagem pela escola António Arroio, frequenta o curso livre da Sociedade Nacional de Belas Artes. Em 1949, visita por várias ocasiões a I Exposição Surrealista, ligando-se estritamente a alguns dos seus participantes, nomeadamente, a Marcelino Vespeira, José Augusto França e Fernando de Azevedo. No Verão desse ano parte com Vespeira para a Berlenga iniciando a sua actividade artística que culmina com a exposição a que diz respeito o presente catálogo, adquirindo, a partir daí, uma maior segurança plástica na criação de um universo próprio e participando nas principais actividades do movimento. No presente catálogo, segundo testemunho de José Augusto França, que foi publicado com o apoio editorial da Estúdios Cor sem o qual não seria possível aquele aparato gráfico pouco comum na época, Fernando de Lemos expunha 126 trabalhos, dos quais 55 eram fotografias, sobre as quais António Pedro escreveu: “Tudo lhe serve: é um pano amachucado que desenha milagres entre as dobras, é uma alga do mar em que as bolhas de água micronizam mundos (e uma fotografia assim é reproduzida no catálogo), é o que ficou dum corpo de mulher no molde variante dum lençol e até, quando é duma cara de gente que se trata, parece que não é ela mas como nela corre a aventura das sombras que o comove […]. Pintando com a máquina fotográfica ou com os pincéis, [Lemos] age com quem ama devagar: descobrindo aos milímetros e enternecendo-se a cada descoberta – desmultiplicando o enlevo do pormenor até ao esquecimento de tudo” (texto introdutório do Catálogo à obra de Lemos). RARÍSSIMO.

Marinho, p. 140 e segs.; António Sena pp. 263-268.