Biblioteca Particular Parte IV
Lote 203:
DIEZ (Manuel)
[LIBRO de Albeyteria muy util y provechoso]
?: ?, ?
assin: a3-a6, b-c8, d2-d8, e-i8, l-m8, n3; [87 de 98] ff.; 210 mm.
RARÍSSIMA EDIÇÃO do primeiro livro de Alveitaria publicado em Espanha e o primeiro livro que foi impresso sobre veterinária na Península Ibérica.
Escrito depois de 1424 e antes de 1436, o ‘Libro de Menescalia’ foi a única obra de Manuel Diez, servindo-se dos melhores compêndios de Alveitaria do seu tempo, entre eles o ‘Liber marescalcie’ do Italiano Lorenzo Rusio, escrito na primeira metade do s. XIV para o Cardeal Napoleone Orsini ou o tratado anónimo castelhano conhecido como ‘Libro de fecho de los cavallos’, uma compilação realizada a partir da ‘Mulomedicina’ do dominicano italiano Teodorico Borgognoni.
A obra está estruturada em duas partes ou livros, o primeiro dos quais, o principal, dedicado aos cavalos e o segundo e o mais original do autor, dedicado às mulas. Ao longo dos dois livros o autor apresenta um amplo compêndio de hipologia — reprodução, manutenção, morfologia exterior, freios, cores e sinais, etc. — e de hipiatria, a terapêutica aplicada aos equídeos, com uma breve descrição das doenças seguida de uma exposição sobre a forma de as curar, completando a obra com uma noções de cirurgia que se justificam em caso de feridas de guerra.
Além disto, a obra vai acompanhada de material complementar que permite um conhecimento rápido sobre a anatomia do animal, as partes onde se manifestam as doenças mais significativas, os pontos para as sangrias, um calendário astrológico com indicação dos dias favoráveis e desfavoráveis para a sangria e meditação ou a construção e uso dos freios. Esta parte do texto varia conforme as cópias manuscritas e as edições impressas.
O conteúdo, apresentado de forma simples e acessível, escrito em língua vulgar, permitiu um enorme sucesso a esta obra, conhecendo-se variadíssimas cópias manuscritas quer no original catalão, quer nas traduções castelhanas ou francesas, assim como, desde o s. XV, um vasto conjunto de edições, algumas delas de que só temos breves notícias, outras de que só conhecemos exepmlares incompletos, tornando muito difícil identificar exemplares truncados, como é este caso.
A lista das edições conhecidas no século XV e XVI são as seguintes: Zaragoza, Pablo Hurus, 1495; Zaragoza, [Jorge Coci, Leoonardo Hutz e Lope Appentegger], 1499; Valladolid, Juan de Burgos, 1500; Toledo, sucessores de Pedro Hagembach, 1507 e 1511; Toledo, Juan de Villaquirán, 1515; Valladolid, Diego Gumiel [o Zaragoza, Jorge Coci], antes de 1524; Burgos, Juan de Junta, 1530; Jaén, Juan Varela de Salamanca, 1534; Salamanca, Juan de Junta, 1544 e (talvez do mesmo impressor) 1545; e Zaragoza, Diego Hernández, 1545.
Das várias cópias que pudémos consultar nas bibliotecas nacionais digitais, todas elas, incluindo a Biblioteca Nacional de España, possuem poucos exemplares das várias edições conhecidas. Na tentativa de identificar qual a edição do exemplar que possuímos, comparámo-lo com cópias digitais dispobilizadas nas várias bibliotecas do mundo e, não tendo encontrado exemplar que coincidisse exactamente com o presente, a edição de Zaragoza de Diego Hernandez de 1545 é a que mais se assemelha, tendo uma disposição gráfica muito semelhante, mas cujos tipos não correspondem e as gravuras também possuem diferenças, levando-nos a crer que a presente é mais antiga.
Apesar das nossas tentativas, foi-nos impossível, em tempo útil, determinar qual a edição.
Trata-se de uma obra de grande importância e, ainda que incompleta, como o nosso exemplar, importante e valiosa.
bibliog.: Palau, 73698 a 73711; CIFUENTES, Lluís & FERRAGUD, Carmel, «El Libre de la Menescalia de Manuel Dies: de espejo de caballeros a manual de albéitares» in Asclepio, Revista de Historia de la Medicina y de la Ciencia, CSIC, Madrid, 1999, v. LI, pp. 93-127
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