Biblioteca Particular, Parte III

MELO (Francisco Manuel de). PRIMEIRA Parte das Cartas Familiares de D. Francisco Manuel escritas a várias pessoas sobre assuntos diversos. Recolhidas, e publicadas em Cinco Centurias por António Luís de Azevedo. 1664

O leilão começará em __ dias e __ horas

Preço base: €300

Preço estimado: €500

Comissão da leiloeira:

MELO (Francisco Manuel de)
PRIMEIRA Parte das Cartas Familiares de D. Francisco Manuel escritas a várias pessoas sobre assuntos diversos. Recolhidas, e publicadas em Cinco Centurias por António Luís de Azevedo
Roma: Na Officina de Filipe Maria Mancini, 1664

[]2, †-†††4, A-Z, Aa-Zz, Aaa-Zzz, Aaaa-Zzzz, Aaaaa-Hhhhh4; [2 br.], [26], 800, [2 br.] pp.; 235 mm.

PRIMEIRA Edição, RARÍSSIMA, das Cartas de D. Francisco Manuel de Melo. Na maioria dos exemplares foi retirada a última carta por ter sido censurada pelo Santo Ofício e da qual restaram pouquíssimos exemplares.
A Carta C (100) da última centúria publicada por António Luís de Azevedo é dirigida “Ao Geral de certa Religião” e versa “sobre negócios tocantes ao governo dela”, tendo sido, como já se referiu, censurada e impedida de circular pela Inquisição. Segundo nos escreve Inocêncio, a maioria dos exemplares aparecem ou sem o caderno a que corresponde a Carta [caderno Hhhhh], com uma cópia manuscrita da carta ou, em casos muito raros, com uma impressão feita na época impressa em Lisboa, mas com diferentes tipos e papel. É ainda o bibliógrafo que nos informa que o livreiro Cruz Coutinho fez uma edição dessa carta de apenas 3 folhas no século XIX. José dos Santos, por seu turno, afirma que o exemplar do Conde de Samodães foi completado com uma impressão na tipografia particular do Conde.
D. Francisco Manuel de Melo, nascido em 1608 em Lisboa, estudou no Colégio de Santo Antão dos Jesuítas, foi soldado sob o comando de Diogo de Mendonça Furtado, embarcou na armada da Coroa que naufragou em 1627, combateu contra os Turcos, em combate naval tendo sido armado cavaleiro pelos seus feitos, frequentou a corte madrilena onde travou amizade com Quevedo, uma das mais importante personalidades literárias da época em Castela, contactando também com Lope de Vega, Calderón, Tirso de Molina, entre outros. Quando se deu a Revolução da Restauração foi preso e levado para Madrid onde esteve durante 4 meses. Em 1644 foi preso novamente por razões que nos são desconhecidas. Permaneceu no Castelo, depois transferido para a Torre de Belém, foi julgado e condenado por instigação de homicídio a degredo perpéctuo para as costas de África, na segunda instância ao degredo para a Índia acabando por ser decidido em terceira instância o degredo no Brasil onde esteve durante onze anos. Em 1655 partiu para o Novo Mundo voltando ao desterro em 1658 refugiando-se na sua quinta de Entre-Rios. Em 1660 estava em Lisboa animando as sessões da Academia dos Generosos e durante o governo de Castelo-Melhor, de quem era amigo, recebeu encargo de várias e importantes missões diplomáticas. Ao regressar conseguiu a nomeação para deputado da Junta dos Três Estados. Morreu em 1666.
Possuidor de uma cultura vastíssima e viva "arrancou uma obra assombrosa" [Dic.Lit.] chegando a ser considerado por M. y Pelayo a maior figura literária da época, depois de Quevedo. Rebelo da Silva afirma que D. Francisco Manuel de Melo deve ser considerado "um dos primeiros eruditos do seu tempo e talvez o prosador mais substancial e conciso da língua portuguesa" [cit. de Dic.Lit.]. Os textos publicados são imensos e repartem-se pela história, onde tem obras clássicas como "As Epanáforas de Varia História" ou a "Historia de los Movimientos y separación de Cataluña y de la Guerra entre la Magestad Católica de Don Dilipe el Cuarto Rey de Castilla y de Aragón y la Deputación General de aquel principado", poesia, polémica e várias outras temáticas.
bibliog.: Inocêncio, v. 2, p. 442; v. 9, p. 332; Samodães, 2044

 

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