Arte, Livros, Fotografia, Manuscritos & Efémera
Lote 931:
O lote foi removido do leilão
[VASCONCELOS (Mário Cesariny de)] A
CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA. LACERDA (Alberto). Acervo documental, contendo oito (8) cartas de Alberto Lacerda para Mário Cesariny. Todas datadas e assinadas, contêm uma rara beleza epistolográfica e são elucidativas de uma personalidade tocada pela sensibilidade extrema – «É isso. A FOME DO ABSOLUTO. Nas relações com os seres e nas passagens. As passagens de ponte para castelo. De castelo para estrela coberta de sangue.»; «Manter não sei o quê aceso. O que? E porquê? Ao ler toda esta história de pactos russo-americanos, os olhos compactam-se de lama, de incredulidade perante tanta hipocrisia. O que me interessa é que o HORROR permance intacto, e o HOROR é acima de tudo a guerra do Vietnam. Que me interessam os pactos se não há nenhum esforço autêntico, à escala particularmente humana, para acabar com aquele horror?». Ao mesmo tempo, várias as referências à vida literária e artística de ambos os correspondentes, destacando-se, neste aspecto uma carta que contém outra de um responsável pela “Nouvelle Revue Française” requerendo colaboração de Mário Cesariny para um número especial dedicado a André Breton, interesse mediado por Alberto Lacerda e Marcel Arland.
Ainda referência a uma interessantíssima carta, datada de 28 de Maio de 1972. «Sim rasgo, o que V. quiser, mas antes de rasgar quero dizer-lhe que o que V. escreveu na carta anterior sobre o Arpad era simplesmente admirável […] [citando Cesariny] “Há um momento admirável em ambos em que quasi os vemos fazer amor, um no outro, com tintas. Depois apartam-se, teria de ser, e o que o Arpad prossegue é realmente tão grande que não podemos deixar de chorar quando enfim se mostra depois de tanto silência, talvez não apenas voluntário”. Rleio a página anterior (escrevi interior [que Lacerda rasurou] e verifico a gramática cavalar: o que me comoveu não tem nada a ver comigo, tem a ver com o Arpad, com o que V. diz dele. Tudo o que toca esse país tem a ver […] com a desolação; o Arpad ama e é amado – é a única coisa que faz sentido, é a única (a ÚNICA) realidade – mas pagou sem dúvida um preço por a mulher, essa mulher que considero cada vez mais extraordinária ser portuguesa. […] V. exagera, mas ainda assim sou consideravelmente surrealista. O Octavio Paz ajudou-me a chegar a essa conclusão. Temos feito um convívio fraterno. É um personagem perfeitamente maravilhoso.»
Conjunto de extraordinário interesse.
.
Todas as informações contidas no site ECLÉCTICA LEILÕES® são sua propriedade exclusiva e não podem ser reproduzidas sem autorização prévia
Share this lot: