Leilão de Livros, Fotografia & Manuscritos
Lote 59:
O lote foi removido do leilão
VIANA (Aniceto dos Reis Gonçalves)
CARTAS (cinco) muito curiosas de Gonçalves Viana dirigidas a um seu superior na Alfândega de Lisboa da qual, naquelas datas, era funcionário. Num artigo biográfico de José Pedro Machado sobre este autor (do qual incluimos cópia no conjunto), ficamos a saber que Gonçalves Viana foi um dos mais proeminentes estudiosos da fonética portuguesa, sendo o autor dos mais importantes tratados publicados até então. Natural de Lisboa em 1840, foi nomeado aspirante de Alfândega de Consumo em 1858, atingindo a categoria de Primeiro Oficial 13 anos depois. Entretanto não deixara de se interessar pelos estudos académicos, inscrevendo-se em 1869 no curso de Grego regido por António José Viale na Biblioteca Nacional e em 1878 e 1879 na cadeira de Sanscrito no Curso Superior de Letras. Chegou a sócio correspondente em 1893 e a sócio efectivo em 1910 da Academia das Ciências de Lisboa, para no ano seguinte ser vogal da Comissão do Dicionário da Língua Portuguesa. Em 1911, foi nomeado membro da Comissão de Reforma Ortográfica onde se encontrou com Carolina Michaelis de Vasconcelos, Cândido de Figueiredo, Adolfo Coelho e Leite de Vasconcelos, tendo sido Gonçalves Viana o escolhido, dentre estes importantíssimos nomes da nossa cultura, para relator dos trabalhos da comissão, assentando o plano da reforma em investigações suas. Leite de Vasconcelos tece, citado por José Pedro Machado, largos elogios a este auto-didacta que se tornou mestre da fonética portuguesa, obtendo os maior respeito pelas mais proeminentes figuras da cultura nacional. Todas as cinco cartas, datadas e assinadas (de 10 de Abril de 1900 a 15 de Novembro de 1908), foram dirigidas a um seu superior, comunicando o que, no essencial, parecem ser pretextos caricatos para não comparecer no seu local de trabalho. A desfaçatez fica bem patente na transcrição de alguns trechos que apresentamos a seguir: “Hoje, ao cortar um callo, feri-me no dedo mínimo do pé direito”, 19.5.1903; “dei uma queda na Rua Castilho, esfolando um joelho e um cotovelo”, 3.01.1906; “dei uma grande queda na rua do Ouro, escalavrando muito a testa e o olho direito […] verei se na terça feira já posso ir à Alfândega, com cara de gente”, 2.04.1906; “Há dois dias que a bronchitte teima em me não deixar sair de casa”, 15.11.1908..
.
Share this lot: