Leilão de Livros, Fotografia & Manuscritos
Lote 252:
O lote foi removido do leilão
LEVITA (Francisco)
NEGREIROS – DANTAS: uma página para a história da literatura nacional / por […]. Coimbra: Tip. Popular, s.d. [1916].
[8] pp.; 225 mm.
RARÍSSIMA obra do Futurismo português, publicada um ano depois do famoso “Manifesto Anti-Dantas e por extenso”, escrito pelo ainda estudante Francisco Levita, famoso pela sua excentricidade, desafiando Almada Negreiros para afirmar que quem se digna preocupar com uma criatura como o Dantas só pode ser pior que ele, isto é, um Dantas n.º 2. Francisco Levita nasce em 1894 na cidade de Portalegre. Em 1913, inscreve-se na Faculdade de Direito de Coimbra onde completará a licenciatura em cinco anos. A sua simpatia contagiante fazem dele uma figura popular em Coimbra onde fica conhecido por Chico Levita.. Embarca para Luanda ocupando o cargo de Procurador Geral da República em Angola, morrendo, suicida, em 1924, porque a doença, que já há anos o mina, lhe augura pouco tempo de vida. Os manifestos de Marinatti e dos futuristas italianos encontraram em Levita um dos seus primeiríssimos leitores em Portugal, não sendo apenas leitura curiosa, notando-se a influência do vanguardismo europeu na sua vida boémia e neste seu texto original. Em “Negreiros-Dantas” fica de imediato evidente, pela sua estrutura gráfica, uma influência do futurismo italiano, recorrendo a processos gráficos de vanguarda. A obra divide-se em três partes. Numa pequena introdução é explicada a sua génese: “Em consonância com a idolatria mecânica, a mente do autor é comparada a um laboratório fotográfico onde é feita a revelação do texto reproduzido. A segunda secção corresponde a uma parodiação dos processos de vanguarda usados pelos poetas do grupo Orfeu. São as páginas mais exuberantes, onde se acumulam caracteres gráficos de diversos tamanhos […]. Abundam neologismos e onomatopeias, que são associadas a sensações sinestésicas. Desta forma, os processos de vanguarda advogados por Marinetti […] são actualizados com uma ousadia que em muito supera a do grupo de Orfeu. Na terceira parte […] o alvo é o Almada do Anti-Dantas. Levita retoma alguns dos ataques que nele são desferidos contra Julio Dantas, para os virar contra o próprio Almada” (MARNOTO, Rita (Prof. na Fac. de Letras de Coimbra), «Almada Negreiros, um Dantas número dois?» in Jornal da Pateira, 25 de Abril de 1994, p. 10).
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