Livros Manuscritos & Gravuras
quarta-feira, 9 de abril de 2008 às 20:30 UTC
Lote 767:
SERPENTE (A): Fascículos de Poesia / edição e Orientação Literária de Égito Gonçalves – Fascículo 1, Janeiro de 1951 – Fascículo 3, Março de 1951
Porto: Égito Gonçalves, 1950
3 fasc. em 1 v.: il.; 265 mm.
Importante revista literária publicada sob a responsabilidade de Égito Gonçalves que, sobre o assunto, nos diz: “Numa bela noite de 1949, foi-me apresentado, no Porto, o David Mourão Ferreira e, numa passeata de copos (modestos), este propôs-me, discutindo o vazio de revistas poéticas em que se vivia, editar uma, com base nas duas cidades: Lisboa e Porto. Neguei-me ao projecto, por me parecer então que tal seria um vazadouro de dinheiro que não via onde buscar. […] Depois, em Lisboa, o David, que tinha já, nos meios literários, mais conhecimentos do que eu, arrancou um subsídio, criou uma equipa e, em Janeiro do ano seguinte, a Távola Redonda fazia a sua aparição. No Porto, a minha anterior recusa veio à tona e deu para reflectir. Discuti com amigos, para concluir que um projecto nosso não seria a Távola, o que ela representava. E acabei por decidir arriscar numa “folha” que desse vida a outra voz. Daí resultou A Serpente […]. Uma publicação menos formalista, atenta aos problemas de uma poesia de resistência, que se queria com nitidez fora do regime político vigente: uma ambição que se colocava no caminho que viria a ser o da Árvore”. O projecto acabou por congregar textos neo-realistas, surrealistas e de presencistas, tendo publicado poesia de alta qualidade. Dos colaboradores podemos destacar Adolfo Casais Monteiro, Alexandre Pinheiro Torres, José Gomes Ferreira, Carlos de Oliveira, Cecília Meireles, Carlos Drumond de Andrade, Eugénio de Andrade, Jorge de Sena, Mário Cesariny, Sophia de Mello Breyner, entre outros. Um dos mais importantes textos publicados na revista foi um balanço da Poesia em 1950, uma resposta ao discurso do então Director do SNI onde se dizia que 1950 tinha sido um ano pobre em poesia. No artigo procura demonstrar-se o contrário, nomeadamente através da constatação que alguns dos poetas da primeira linha publicaram nesse ano o seu primeiro título – Mário Cesariny ou David Mourão Ferreira, por exemplo. Raro. (Daniel Pires, vol. II, t.II, p. 536)
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