Mês: Outubro 2024

As **”Lendas da Índia”** de Gaspar Correia é uma obra fundamental para o conhecimento da presença portuguesa no Oriente. Este belíssimo manuscrito de 1747, dividido em dois volumes e primorosamente encadernado em pele com rica decoração dourada, apresenta uma cópia manuscrita do relato sobre os feitos de **D. Nuno da Cunha**, o décimo Governador da Índia Portuguesa (1528-1538). Esta obra foi copiada para uso privado, preservando o texto que permaneceu inédito até meados do século XIX, circulando apenas mediante manuscritos como este.

Correia é amplamente considerado um dos mais importantes cronistas da expansão portuguesa no Oriente, e este manuscrito em particular é uma relíquia da história da Índia Portuguesa, destacando as suas complexas interações políticas, militares e culturais durante a governação de D. Nuno da Cunha. Além do valor histórico intrínseco, a obra oferece um raro vislumbre das práticas de transmissão textual no século XVIII, quando documentos de extrema relevância ainda circulavam principalmente como manuscritos.

Este exemplar, escrito em belíssimo papel e numa caligrafia requintada, é um verdadeiro testemunho do zelo com que as informações históricas eram preservadas e transmitidas. As encadernações luxuosas e o excelente estado de conservação deste manuscrito tornam-no um verdadeiro tesouro para os colecionadores e estudiosos da história do Império Português.

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A obra **”Navigationi et Viaggi”** de Giovanni Battista Ramusio, publicada pela primeira vez em 1550 e nesta sua raríssima segunda edição de 1554, é uma das mais extraordinárias coleções de relatos de viagem que documenta a Era dos Descobrimentos. Este primeiro volume, centrado principalmente nas viagens e explorações portuguesas, revela o espírito aventureiro que impulsionou a expansão da Europa para novas fronteiras.

Entre os relatos incluídos estão descrições das expedições de figuras como Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e Tomé Lopes, bem como as observações fascinantes de Leão Africano sobre o continente africano. Ramusio destaca-se pela sua meticulosa compilação de relatos detalhados que incluem viagens desde Lisboa até às ilhas Molucas, bem como um foco particular no Japão, recentemente descoberto à época. Além disso, esta edição apresenta três importantes mapas geográficos baseados em cartas de navegação portuguesas, evidenciando o impacto que os descobrimentos tiveram no entendimento global de geografia e comércio.

Com falta de alguns fólios e ilustrações, mas ainda assim de valor inestimável, este exemplar é uma preciosidade para os estudiosos da história e colecionadores. A obra sublinha a importância dos portugueses na construção da civilização moderna, registando viagens que moldaram o comércio global, a cartografia e o intercâmbio cultural.

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Entre as muitas figuras que povoaram a história do império português, Pedro de Basto destaca-se como um homem de fé e mistério, cujas visões e profecias eram afamadas na Índia do século XVII. Nesta sua obra, **”Historia da Vida do Veneravel Irmão Pedro de Basto”** (1689), Fernão de Queirós traça um retrato profundo deste jesuíta e do contexto em que viveu, explorando os desafios administrativos e militares da Índia portuguesa e o conflito com os Holandeses.

Pedro de Basto, natural de Cabeceira de Basto, abandonou os estudos e, depois de uma experiência de quase morte num naufrágio, fez um voto a Deus, prometendo ingressar na primeira ordem religiosa que o aceitasse. Passou grande parte da sua vida no subcontinente indiano, servindo em Cochim e mais tarde integrando a Companhia de Jesus, onde ficou até à sua morte, em 1645. A obra de Queirós, dividida em cinco livros, não só narra a vida espiritual de Basto, mas também revela a organização política e militar do Estado português na Índia.

De particular interesse é a descrição do conflito com os Holandeses e a perda de Ceilão, eventos que moldaram profundamente o domínio português na região. As visões e revelações de Basto, consideradas por muitos como proféticas, servem de pano de fundo para reflexões críticas de Queirós sobre os desafios enfrentados pelo império.

Esta é uma obra única e rara que não só ilumina a vida de um homem santo, mas também revela os meandros de um império em transformação. Com encadernação em pele moderna e uma edição original de 1689, este exemplar é um verdadeiro tesouro para colecionadores e estudiosos da história do Oriente português.

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A **”História de Tânger”**, escrita por D. Fernando de Meneses, 2.º Conde da Ericeira, é uma obra de profunda relevância histórica, narrando a trajetória de Tânger desde a sua conquista inicial até à sua entrega aos ingleses em 1662. Este exemplar raro, publicado em 1732 por diligência do impressor Miguel Lopes Ferreira, é uma das poucas fontes sobre a liderança portuguesa na cidade marroquina.

D. Fernando de Meneses foi o último governador português de Tânger, desempenhando um papel crucial na defesa da cidade durante um período turbulento que culminou na sua cedência à Inglaterra como parte do dote de Catarina de Bragança, esposa de Carlos II. Este relato oferece uma visão íntima dos desafios enfrentados por Portugal na manutenção das suas possessões no Norte de África, sublinhando os conflitos políticos e militares que marcaram a administração colonial.

O exemplar é excepcional, não apenas pela sua excelente condição e amplas margens, mas também pelo retrato raríssimo de D. Fernando de Meneses, um detalhe que aumenta significativamente o valor da obra entre colecionadores. Pouquíssimos exemplares incluem este retrato, facto atestado pela sua ausência nas principais bibliografias.

Uma peça valiosa para estudiosos da história portuguesa e colecionadores de raridades, esta obra permite um mergulho profundo nas últimas décadas da presença portuguesa em Tânger.

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