Esta semana não há leilões

Apesar dos nossos esforços, devido a problemas internos, foi-nos impossível activar os leilões desta semana num tempo que consideramos adequado.
Por essa razão, esta semana não há leilões na ECLÉCTICA LEILÕES.
Serão retomados, como habitualmente, na próxima semana.
Na experiência de livreiros, muitos são os títulos, numa avaliação puramente pessoal baseada apenas naquilo que é o nosso gosto pessoal, que consideramos valerem muito mais do que aquilo que percepcionamos quando a apresentamos a alguém.
A Corografia de Gaspar Barreiros é um desses casos. Talvez porque não tenha como destino o Oriente desejado pelos portugueses da época, tema muito valorizado por razões óbvias pelos Bibliófilos, a viagem descrita por Gaspar Barreiros, sobrinho de João de Barros, tem sido vista pelos coleccionadores como um título que se vai deixando para trás em favor de outros.
No entanto, a obra impressa pela primeira vez nesta edição que agora apresentamos, é um exemplo clássico do espírito de viajante renascentista onde a Itália se revelava “um espaço sagrado de inteligência e para o humanista, uma espécie de purificação espiritual.” (cf. BARRETO, p. 56)
Escrita de viagens, em diálogo com as Décadas escritas por seu tio, na sua dimensão geográfica, mas também imaginária e com referências aos Descobrimentos, a Corografia é um exemplo clássico da literatura de viagens da época, levando-nos do de Espanha até ao Norte de Itália, passando pelo Sul de França, com textos que, mais do que descreverem um lugar, se apresentam como reflexões de um tempo e mentalidade que ainda hoje nos fascinam.
É um dos impressos do século XVI em Portugal mais interessantes e especialmente raro quando completo com todas as suas partes e em bom estado de conservação.
Seguramente, um dos títulos que merece figurar na sua extraordinária Biblioteca.
A história das nossas cidades é uma ferramenta fundamental para a compreensão da vida e da sociedade de várias épocas. São muitos os exemplos de ensaios que, partindo de um caso particular, nos ajudam a pintar um quadro maior e mais completo sobre a organização social e económica de uma determinada sociedade.
Infelizmente, as fontes nem sempre abundam. Esta é uma excepção.
A obra que aqui vos apresentamos na sua primeira edição é uma importante resenha dos aspectos da vida na cidade de Lisboa e “um dos primeiros ensaios estatísticos que se fizeram entre nós, abrangendo não só a mobilidade demográfica, como os aspectos industrial, comercial, religioso e de beneficiência” (cf. pref. da edição de 1908).
Pela nota que nos deixa El-Rei D. Manuel, Cristóvão Oliveira foi “Guarda-Roupa” do Arcebispo de Lisboa, D. Fernando de Menezes Coutinho e Vasconcelos, tendo sido incubido por este a “se informar na verdade do rendimento do Arcebispado e Cabido da Sé”, e de todas as igrejas, colégios, mosteiros espirituais, capelas, confrarias e do número de fogos, moradores e respectivos ofícios.
Para cumprir o mandato, Cristóvão Oliveira pediu a todos os priores da cidade para lhe obterem esses dados, resultando num documento importante e fidedigno sobre a demografia e economia da cidada na época.
É obra raríssima e valiosa e fundamental em qualquer Biblioteca dedicada à história de Lisboa e de Portugal na época de Quinhentos.
É difícil escolher um destaque para um leilão como este. Provavelmente todos os 30 lotes mereceriam um destaque de algum género, mas teremos de dar a devida publicidade aos impressos em Portugal no s. XVI, tema muito querido pelo Bibliófilo que tanto esforço colocou na construção da sua Biblioteca.
O Livro das Constituições do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, nesta edição de 1553, é um desses casos.
Desconhecida de Anselmo, que apenas soube da sua existência através de uma nota manuscrita guardada nos arquivos da Biblioteca Nacional (cf. Anselmo, 459), esta é a penúltima edição impressa no s. XVI.
Segundo Inocêncio, a obra teve como primeiro compilador Fr. Brás de Barros, primeiro bispo de Leiria e responsável pela regorma da Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, cujo principal mosteiro foi o de Santa Cruz de Coimbra.
Com todas as edições saídas dos prelos do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, é uma verdadeira obra prima no que diz respeito à impressão, contendo uma gravura de página inteira no verso do frontispício que representa uma reunião do capítulo e várias letras capitulares, todas executadas em madeira de excelente qualidade.
Um verdadeiro hino à arte negra no s. XVI em Portugal.
O primeiro destaque deste leilão vai paa uma interessante e rara biografia de dois Infantes portugueses, o Infante D. Fernando, também conhecido como o Infante Santo, e a Infanta D. Joana, ambos com fama de santidade com título de Beatos atribuído pela Igreja Católica.
A obra começa com a biografia de D. Fernando. Oitavo filho de D. João I, o Infante D. Fernando vive na História de Portugal ligado às acções militares no Norte de África, em particular à falhada tomada de Tânger em 1437 que resultou na sua prisão sem nunca ter conseguido regressar a Portugal.
Nascido em Santarém a 29 de Setembro de 1402, as duas pricipais fontes para a sua biografia referem muito pouco àcerca da sua vida antes de 1433, mas é depois de 1437, quando acompanha o infante D. Henrique na expedição a Tânger, que ganha relevância histórica ao ser aprisionado após o falhanço da campanha portuguesa.
Mantido em cativeiro como moeda de troca para a entrega de Ceuta, a figura do Infante D. Fernando elevou-se, pela fé e pelo sentimento pátrio (cf. Joaquim Veríssimo Serrão, Dicionário de História de Portugal, v. 2, p. 554), ao título de Infante Santo.
Apesar da esperança que sempre manteve na sua libertação por via diplomática, tal nunca veio a suceder, tendo sido sacrificado pelos partidários da manutenção daquela cidade sob governo português.
Esta sua biografia, tal como as restantes fontes, pouco dizem sobre a sua vida anterior àquela ida a Tânger, ocupando os primeiros cinco capítulos, na sua maioria dedicados às virtudes do Infante. No capítulo sexto, refere-se a passagem a Mestre da Ordem de Avis e os seguintes à campanha de África, prisão e morte.
Tal como as outras fontes, atribui igualmente ao infante D. Fernando a vontade de se sacrificar para que os portugueses pudessem manter Ceuta. No entanto, segundo Joaquim Veríssimo Serrão, não é isso que demonstram alguns documentos enviados por D. Fernando (cf. ob.cit).
A partir do capítulo dezoito, começa a tratar-se da fama de santidade e de alguns milagres a si atribuídos. Foi beatificado pelo Papa Paulo II em 1470.
A partir do fólio 116vo, inicia-se a biografia da Infanta D. Joana. Filha de D. Afonso V e de sua primeira mulher, D. Isabel, a Infanta D. Joana teve uma educação aprimorada. Por morte de sua mãe ainda muito jovem, D. Afonso V entregou a educação da sua filha a sua tia, D. Filipa de Lencastre, uma das mulheres mais cultas daquele período em Portugal, tendo convido também com Cataldo Sículo e outros letrados.
Cedo manifestou vocação religiosa, tendo passado de Odivelas para Aveiro, onde passou grande parte da sua vida. Apesar das tentativas para a casar, movidas pelo interesse e importância óbvia em tal contrato para Portugal, D. Joana nunca casou, chegando a ter professado religião. O príncipe sentiu-se obrigado a se deslocar na companhia do bispo D. Garcia de Meneses, para que D. Joana se desligasse canonicamente dos votos de clausura.
Morreu no seu mosteiro, a 12 de Maio de 1490 e foi beatificada por breve de 4 de Abril de 1693.
É um documento interessante para a história de Portugal no s. XV, através da biografia de duas figuras importantes naquele período.
A obra é muito rara, ainda mais quando se apresenta completa e em bom estado de conservação.
Veja este:
Esta semana, a Ecléctica Leilões recomeça a venda da importantíssima Biblioteca Particular.
Estamos na recta final dessa venda e aproximam-se grandes e importantes títulos, raros em Portugal, raros no mundo e de relevância histórica e bibliográfica.
Porventura não se tem uma grande noção do volume desta extraordinária Biblioteca que nos acompanha desde 2012, mas já vamos milhares de entradas que no final darão lugar a um catálogo impresso e com a qualidade que uma Biblioteca como esta merece. Foi compromisso que assumimos com os proprietários desde o primeiro dia e é compromisso que agora assumimos para com os nossos licitantes.
Muitos dos títulos que agora apresentamos, poderiam figurar nas capas dos catálogos das mais prestigiadas leiloeiras do mundo. Continuamos a acreditar que o Livro e a Bibliofilia Portuguesa merece todos os livros do mundo, sejam eles portugueses ou não, e o antigo proprietário desta Biblioteca também acreditava nisso.
Alguns títulos que irão encontrar nas próximas vendas são relevantes para a História do Mundo e poderiam ser capas de catálogo nas mais prestigiadas casas leiloeiras do mundo e que nunca apareceram em leilão em Portugal. Observá-las é, já por si, uma oportunidade única que não pode perder.
Ao contrário de outros leilões, cuja exposição está limitada às nossas instalações em Azeitão, para os leilões desta série, dada a sua importância, estaremos dois dias na Livraria A Nova Ecléctica, em Lisboa, para que os possa observar.
Esteja atento.
Mensalmente, iremos ter o privilégio de o ajudar a encontrar a próxima grande peça da sua Biblioteca.
Acompanhe e deixe as suas licitações AQUI.
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